Você já reparou como, em alguns dias, tudo flui com clareza e em outros, parece que nada se encaixa? Essa oscilação não é falta de foco, procrastinação ou indisciplina. É o reflexo direto do que acontece dentro da nossa mente e do nosso corpo.No artigo anterior, falamos sobre os ciclos femininos e a produtividade, como cada fase pode se alinhar com as dinâmicas do mercado e com as decisões que tomamos (leia aqui).
Hoje, quero te convidar a olhar um pouco mais fundo e perceber algo invisível que guia nossas escolhas; as ondas cerebrais e crenças que sustentam nossa relação com o dinheiro, com o tempo e com nós mesmas.

A frequência da mente
Nosso cérebro é como o mercado financeiro; está em constante movimento. Em alguns momentos, está acelerado, analisando, comparando, buscando respostas. Em outros, desacelera, cria espaço para a intuição e a criatividade.
As chamadas ondas cerebrais traduzem esses diferentes estados de consciência. Quando estamos em alerta, resolvendo problemas e reagindo ao que acontece, o cérebro opera em frequências mais rápidas, esse é o modo beta. Mas quando nos permitimos respirar, meditar, observar ou apenas estar presentes, acessamos ondas mais lentas, como alpha e mais tarde theta.
É nesse terreno mais calmo que surgem os insights genuínos. Ideias que não vêm da pressa, mas da presença. O cérebro, quando relaxa, conecta informações de forma mais ampla e profunda e é justamente aí que nascem as decisões verdadeiramente conscientes, quantas vezes você teve grandes ideias e soluções durante o banho, por exemplo?
Saber reconhecer em qual “frequência” estamos atuando é uma ferramenta poderosa. Permite ajustar o ritmo, escolher com mais lucidez e entender quando é hora de agir ou de pausar. É como afinar um instrumento: quanto mais sintonizada está a mente, mais harmoniosa se torna a vida e, sim, também os resultados.

As crenças que comandam o bastidor
Porém não é só a atividade cerebral que influencia nossas decisões. Por trás de cada escolha existe um conjunto de crenças, conscientes ou não, que definem o quanto acreditamos merecer, conquistar e prosperar.
Algumas dessas crenças são herdadas, outras, aprendidas em experiências marcantes e existem também aquelas que absorvemos do ambiente, a cultura, a família, o que ouvimos sobre dinheiro, sucesso ou escassez. Tudo isso cria filtros invisíveis que moldam nossa forma de ver o mundo.
O problema é que, muitas vezes, tomamos decisões tentando mudar o comportamento, sem perceber que a raiz está no sistema de crenças que sustenta a ação. Quando trabalhamos apenas na superfície, o padrão tende a se repetir; seja em relacionamentos, finanças ou na forma de lidar com o tempo.
A boa notícia é que crenças podem ser transformadas! O primeiro passo é a consciência, está em observar o que você pensa quando o assunto é dinheiro, merecimento ou segurança isso já abre espaço para reprogramar, só é possível transformar algo que você perceba, aceita e acolhe, respeitando sua história.
A mente, quando treinada, é capaz de alterar o próprio padrão de funcionamento. Práticas como meditação, visualização criativa e perguntas conscientes modificam o estado mental e com o tempo, mudam também a forma como reagimos e escolhemos.
Da mente para o mercado (e de volta para você)
O mercado financeiro é movido por emoções humanas: medo, ganância, confiança, esperança. E a forma como nos relacionamos com ele reflete exatamente como lidamos com esses sentimentos dentro de nós.
Investir de forma consciente não é apenas saber onde colocar o dinheiro, é entender por que fazemos certas escolhas; é reconhecer quando uma decisão vem da clareza ou da carência, da expansão ou da escassez.
Quando aprendemos a ajustar nossas ondas mentais e transformar crenças limitantes, passamos a operar com mais coerência. E isso não muda só nossa forma de investir , isso muda o jeito como vivemos.
Afinal, prosperidade não é o quanto temos, mas o quanto conseguimos sentir paz e poder nas escolhas que fazemos.
Vou deixar um exercício simples para que você possa ter clareza do que está rodando de forma automática aí dentro de você.
Exercício prático — pare e observe (5–10 minutos)
Agora que você entendeu um pouco do mecanismo interno, Pare por um instante e reflita — de preferência escrevendo:
• O que eu penso sobre dinheiro?
• O que acredito ser prosperidade?
• Como eu vi o dinheiro durante minha infância? Quais histórias rondavam a casa?
Observe sem julgar cada resposta. Perceba padrões, emoções que surgem e movimentos do corpo (tensão, alívio, calor, frio). Anote uma ação pequena que você pode testar essa semana para alinhar pensamento e comportamento (por exemplo: reservar 10 minutos para planejar um gasto importante; trocar uma fala interna negativa por uma afirmativa). Perceba cada movimento seu de forma consciente.
No próximo artigo vamos nos aprofundar nesse tema e transformar crenças em práticas que mudam a relação com o dinheiro.
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Vamos continuar essa conversa sobre consciência, finanças e o poder da mente feminina.
Raissa Aho

Facilitadora e palestrante de Mindfulness e Yoga na Cadeira pela IMTTA (Austrália). Há uma década acompanho mulheres em suas jornadas de produtividade cíclica e gestão emocional, ajudando-as a viver com mais clareza, equilíbrio e confiança.

