BITCOIN: report 02.09.25 | DADOS ON-CHAIN e análise gráfica

  • A Maré que Levanta (ou Afunda) Todos os Barcos

Agosto trouxe um novo teste de paciência para os investidores em Bitcoin e Ethereum. Enquanto o BTC recuou da máxima histórica de US$124 mil para a região de US$111 mil, o ETH acompanhou a volatilidade, ainda distante de seus topos anteriores. Esse movimento acontece em meio a uma mudança de comportamento tanto no mercado spot quanto no de derivativos, com investidores de curto prazo sob forte pressão.

Apesar do ajuste, o mercado segue sem sinais claros de capitulação, o que deixa em aberto se estamos diante de apenas uma pausa saudável dentro da tendência ou do início de uma correção mais profunda. Vamos analisar os principais pontos gráficos e on-chain que ajudam a compreender o momento atual.

  • 1. O movimento do preço

No Bitcoin, o suporte imediato está concentrado entre US$107 mil e US$108,9 mil, região correspondente ao custo médio de parte relevante dos novos investidores. Uma quebra consistente abaixo desse patamar poderia abrir espaço para uma queda até o intervalo de US$103 mil a US$95 mil, onde há um forte acúmulo de posições, configurando um possível piso de médio prazo.

Já as resistências aparecem em US$113,6 mil, justamente o preço onde holders de 1 a 3 meses estão pressionados e podem optar por zerar posições. Essa confluência técnica reforça que qualquer recuperação tende a enfrentar barreiras psicológicas importantes. Apesar do momento de correção, a criptomoeda acumula ganhos de 16,95% no ano.

No Ethereum, a recuperação foi mais tímida após os avanços de julho. O ativo ainda se mantém preso abaixo das máximas locais, com compradores mostrando menor convicção em relação ao Bitcoin. Zonas de suporte em US$ 4.215, 3.890 e 3.606. Enquanto que as resistências estão em 4.778 e 4956 com alvo projetado para US$5.600,00 neste ciclo.

2. BTC: distribuição de custo no Heatmap

O Cost Basis Distribution Heatmap mostra em quais faixas de preço os investidores compraram suas moedas, ou seja, onde está concentrado o “preço de entrada” do mercado. Quanto mais intenso o acúmulo em determinada faixa, mais forte tende a ser o suporte (caso os preços caiam até lá) ou a resistência (caso o preço tente subir). Esse indicador é essencial porque traduz a psicologia do mercado: investidores tendem a defender suas posições quando o preço volta para a zona em que compraram, é muito usado por traders pra entender onde os grandes players podem stopar.

Desde dezembro de 2024, vem se formando uma “parede” de suporte entre US$93 mil e US$110 mil, indicando acumulação consistente nesse intervalo. Isso explica por que o mercado, mesmo após a correção, ainda resiste acima dos US$110 mil.

Fonte: Glassnode

3. Pressão dos novos investidores (Live chart)

O custo médio das moedas adquiridas nos últimos 1, 3 e 6 meses mostra claramente a pressão sobre holders de curto prazo. Hoje, o preço do BTC está abaixo do custo dos compradores de 1 e 3 meses (US$115,6k e US$113,6k), colocando-os em prejuízo. A média de 6 meses, em torno de US$107 mil, é crítica: se perdida, pode acelerar a queda para o suporte mais denso nos US$93–95 mil. Isso pode ser um complemento à nossa análise gráfica que, por enquanto, projeta um pullback mais provável nos 103 mil.

Fonte: Glassnode

4. Perdas não realizadas 

O Relative Unrealized Loss mede a proporção do mercado que está em prejuízo não realizado, ou seja, investidores que compraram mais caro do que o preço atual mas ainda não venderam. Esse dado é importante porque mostra o nível de estresse financeiro da rede: quando muitos investidores acumulam perdas, aumenta a chance de capitulação (venda em massa para cortar prejuízo).

No momento, o indicador aponta apenas 0,5% de perdas relativas, um valor muito baixo quando comparado a ciclos anteriores, em que chegou a 30% em momentos de pânico. Isso significa que, apesar da correção recente, a maioria dos investidores ainda está confortável, sem pressão para liquidar posições — sinal de que o mercado permanece resiliente.

Fonte: Glassnode

5. SOPR – Spent Output Profit Ratio

O SOPR (Índice de lucro das saídas realizadas) é famoso e amplamente utilizado, ele mostra se as moedas que estão sendo movimentadas na rede estão saindo com lucro ou prejuízo em relação ao preço de aquisição. Valores acima de 1 indicam que, em média, os investidores estão vendendo com lucro; abaixo de 1, estão realizando prejuízo. Esse indicador é útil para identificar pontos de exaustão: quando cai muito, é sinal de que o mercado pode estar capitulando, criando uma base para recuperação.

Hoje, o SOPR está em torno de 1,0, o que significa que os investidores estão vendendo praticamente no preço em que compraram. Isso mostra que ainda não houve um movimento de capitulação significativo — nos fundos de ciclos anteriores, o SOPR caiu para perto de 0,98 ou menos. Ou seja, a atual correção parece mais uma pausa do que um fundo definitivo de mercado.

Fonte: Glassnode

6. Spot neutralizado vs Perpetruals mais pessimistas

Aqui está uma análise muito interessante que mostra o motivo da minha predileção pelos dados on-chain: Esse conjunto de métricas compara a força do mercado spot (compras e vendas à vista) com o mercado de perpétuos (contratos futuros sem vencimento). No spot, geralmente vemos o fluxo “real” de investidores acumulando Bitcoin; já os derivativos revelam o humor especulativo, que pode se mover rapidamente entre otimismo e pessimismo. Além disso, analisamos as funding rates, taxas pagas entre comprados e vendidos nos futuros perpétuos, que mostram o equilíbrio de forças.

No momento, os volumes spot estão neutralizados, indicando que a pressão compradora que sustentou a alta até US$124k perdeu força. Enquanto isso, os perpétuos mostram viés mais pessimista, com traders abrindo posições short. As funding rates seguem próximas de neutras (0,01%), mas isso reflete fragilidade: se o fluxo vendedor aumentar, rapidamente podem se inclinar para um cenário de queda mais acentuada.

Mês de AGOSTO de 2025:

O mês de agosto foi marcado por um ajuste saudável, mas que deixou o Bitcoin em uma encruzilhada: de um lado, uma base de suporte robusta entre US$93–108 mil; do outro, holders de curto prazo pressionando vendas sempre que o preço se aproxima de US$113–115 mil. Ethereum, por sua vez, segue sem forças para liderar o movimento.

Enquanto os indicadores on-chain apontam que não há sinais de capitulação forte, o enfraquecimento da demanda spot e o viés mais pessimista nos derivativos sugerem cautela. O mercado está em equilíbrio instável: pode tanto retomar a tendência de alta rumo a novos recordes quanto aprofundar a correção até a faixa de US$95 mil.

Paula Reis – Analista CNPI-T 8281
‍@amulhertrader

Disclaimer: Este relatório foi elaborado por Paula Reis, Analista de Valores Mobiliários CNPI-T 8281, de forma independente, com base em informações públicas consideradas confiáveis. As opiniões aqui expressas refletem exclusivamente a visão da analista na data de sua publicação e podem mudar sem aviso prévio. Este material possui caráter meramente informativo e educacional, não constituindo oferta de compra ou venda de ativos ou instrumentos financeiros. Investimentos em criptoativos envolvem riscos elevados, podendo resultar em perdas do capital investido. A decisão de investimento é de inteira responsabilidade do investidor.

Paula Reis é Trader e a primeira Analista CNPI-T a cobrir o mercado cripto. Com 20 anos no mercado financeiro, sendo 12 no corporativo + 8 anos “hackeando” o sistema e vivendo de forma autônoma dele, fazendo suas operações  de casa e inspirando outras pessoas a viver de renda variável no seu canal do YouTube “Mulher Trader”.

Paula Reis

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Paula Reis é Trader e a primeira Analista CNPI-T a cobrir o mercado cripto. Com 20 anos no mercado financeiro, sendo 12 no corporativo + 8 anos “hackeando” o sistema e vivendo de forma autônoma dele, fazendo suas operações  de casa e inspirando outras pessoas a viver de renda variável no seu canal do YouTube “Mulher Trader”.

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Paula Reis é Trader e a primeira Analista CNPI-T a cobrir o mercado cripto. Com 20 anos no mercado financeiro, sendo 12 no corporativo + 8 anos “hackeando” o sistema e vivendo de forma autônoma dele, fazendo suas operações  de casa e inspirando outras pessoas a viver de renda variável no seu canal do YouTube “Mulher Trader”.

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